O Lado Cego do Marketing nas Redes Sociais em Portugal comunicação

Desta vez vou expor um caso prático nas redes sociais, bastante claro.
Muito se tem falado em investimentos avultados em redes sociais, especialmente para conseguir uma lista de fãs consideráveis, em ter o tão aclamado “engagement” dos seus seguidores. As marcas querem e têm inúmeras agências e empresas para lidar com toda esta tendência.

O investimento efectuado em conseguir novos clientes é muito superior que a sua manutenção. Já o obter novos consumidores que estão à procura de produtos dos quais tem no seu portfolio torna-se ainda mais pertinente.

No entanto, parece que os investimentos efectuados nas redes sociais se findam apenas no standard. Vamos criar uma página em cada rede com expressividade no mercado, colocar uns estagiários a manter uma pretensa conversação com os seus seguidores (sim, o célebre bom dia e boa tarde), pedir umas activações de marca às suas agências criativas com uns passatempos ou criação de conteúdos virais e ir mantendo um olhar pontual no número de seguidores em cada página.

Estudo Rudimentar de Caso Real

Há uns dias atrás, publiquei em todas as redes sociais mais reconhecidas em Portugal tais como Facebook, Twitter, Google+ e em mais alguns locais que eu agora não recordo inteiramente, sobre o facto de que pretendo mudar de carro muito em breve.

Escrevi em Português precisamente para que não fosse adulterado por iniciativas que as marcas tenham implementadas para o mercado internacional como a língua inglesa.
O que interessava em todo este estudo seria o feedback ou contacto por parte das marcas automóveis ou de stands para me facilitarem o processo, quererem saber que tipo de automóvel pretenderia, características, etc. Enfim, uma resposta de uma marca ao estar atenta a potenciais clientes. Não basta investir em Google AdWords para quem pesquisa online porque nesse instante está-se em concorrência directa com todas as restantes marcas. É um meio saturado e que apenas ganha visibilidade quem investe mais no processo de leilão de palavras.

Hoje em dia existe um sem número de sistemas de alerta para keywords que nos interessam nas variadas redes. Normalmente essas plataformas estão a ser utilizadas (espero que estejam) apenas ter um feedback sobre a reputação da sua marca, sobre o que dizem da sua marca ou da concorrência, mas não na vertente comercial. Se implementarem um sistema de alertas providenciado por várias fontes dirigido a um departamento de ligação comercial mas com expressão nessas mesmas redes, o potencial é enorme porque praticamente não têm concorrência à altura. É terreno verde à espera de ser utilizado devidamente.

Em resumo, penso que dá para perceber quantas marcas portuguesas me contactaram após o meu status update. Sim, isso mesmo: ZERO.
Um momento, estou a ser incorrecto. Recebi um comentário de uma pessoa que me seguia e que me recomendou um contacto de um amigo que compra e vende automóveis usados. Contacto esse com o qual estou já em comunicação. Mas ninguém das marcas ou de stands me contactou de forma directa. Simplesmente não têm nenhum sistema integrado de ligação à vertente comercial.

Devido a ter expresso a minha vontade em Português, quem me contactou de um site de anúncios de compra e venda automóvel foi uma marca brasileira. Há pouco mais de um ano, recordo-me que se olhava com algum desdém para o que vinha do Brasil porque se tinha um certo preconceito sobre a tecnologia e a capacidade empresarial deste nosso País irmão. No entanto, há muito que este País dá cartas em várias vertentes. Recordo que o meu grupo foi comprar uma empresa tecnológica ao Brasil chamada HOTWords e que hoje é das empresas com maior crescimento nos segmentos de língua Portuguesa e Espanhola no mundo. E mais uma vez se demonstrou que também aqui batem aos pontos as marcas portuguesas.

O Que Fazer

Basta estarem atentas.
Basta se esforçarem. Basta terem bons consultores consigo. Basta apostarem com seriedade e não apenas no que é trendy. Estar presente online é ser praticamente omnipresente. Muito se ouve que não se deve estar constantemente a tentar impingir o nosso produto e ser um hard-seller nas redes sociais. É verdade! É bem verdade. Para se evitar cair nessa situação é bastante simples até: entregue 60% a 80% de bom conteúdo ou mais valias e apenas 40% a 20% com referência aos seus produtos. E francamente, se mesmo assim existirem queixas de que a marca está a querer “empurrar” os seus produtos, pois que se enfadem à vontade. Porque se o intuito da marca nas redes sociais não tiverem um conceito comercial ou não poderem promover os seus produtos à sua linha de seguidores, então porque está a investir nas mesmas?

Atenção que não digo que não se utilize as redes sociais para um sentido de apoio ao cliente, ajudando em questões, dúvidas, etc. Mas convenhamos que o intuito de uma marca é vender. Se não promover os seus produtos, é um canal sub-aproveitado.

Ferramentas Para Escutar As Redes

Neste momento existem milhares de ferramentas disponíveis, umas pagas e outras gratuitas para poder “escutar” o que estão a dizer nas redes sociais. Aqui exponho apenas algumas que utilizo ou utilizei para efectuar essa operação, mas por favor, não fiques apenas por aqui. Pesquisa as que mais se adequam ao teu caso em particular.

Google Alerts – é a mais comum e deveria ser a standard que deveria subscrever sobre as diversas keywords que dirão algo, seja em termos de buzz sobre a sua marca, seja sobre a concorrência ou também para verificar quem fala dos produtos que poderá ter no seu portfolio. Porque estar apenas a pagar por leads, quando poderá ter as mesmas disponíveis através de uma automação?

SocialOomph – Esta ferramenta foi das primeiras a surgir no panorama das redes sociais, obviamente com um suporte superior para o Twitter que é a rede social mais “aberta”.

NetVibes – Um completo Dashboard onde se tem uma noção abrangente sobre o “sentimento” que a nossa marca ou produto está a ter nas redes sociais e as ferramentas para influenciar com conteúdo ou tecnologia esses resultados.

SocialMention – Um dos mais prolíficos para captar o que se diz sobre determinadas keywords podendo inclusive diferenciar entre o tipo de networks às quais estar atento.

Outra potencialidade será estar atento com as próprias pesquisas nas redes onde estiver inserido e “guardar” mesmo essas pesquisas para estarem sempre a ser actualizadas e assim poder tomar acção imediata.

Não é minha intenção estar a criar uma lista exaustiva, pois certamente ficariam muitas mais por mencionar. No entanto, penso que dá para ter uma ideia e acima de tudo para se ver que há muitas opções, desde um formato pago até outras completamente gratuitas. Se tiveres mais sugestões, por favor partilha para ir actualizando com mais informação útil. Muito Obrigado pela tua atenção!

UPDATE: Já agora, dá uma vista de olhos a algumas das potenciais pesquisas que podes efectuar para uma noção do que se passa à tua volta. Excelente compilação aqui efectuada por Adam Holden-Bache.

*Imagem principal cortesia de Scott Robinson no Flickr. Podes ver esta imagem em toda a sua amplitude aqui. Vale a pena!!